conselho editorial
Bianca Oliveira
João Peres
Tadeu Breda
edição
Tadeu Breda
assistência de edição
Carla Fortino
preparação
Mariana Zanini
revisão
Túlio Custódio
Laura Massunari
projeto gráfico
Leticia Quintilhano
ilustração da capa
Camila Yoshida
direção de arte
Bianca Oliveira
diagramação
Victor Prado
Conversão para ePub:
Cumbuca Studio
eu não estava destinada a ficar sozinha e sem você, que compreende
© Editora Elefante, 2022
© Gloria Watkins, 2022
Título original:
We Real Cool: Black Men and Masculinity, bell hooks
© All rights reserved, 2004
Authorised translation from the English language edition published by Routledge, a member of the Taylor & Francis Group LLC .
Primeira edição, maio de 2022
São Paulo, Brasil
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP )
Angélica Ilacqua CRB -8/7057
hooks, bell, 1952–2021
A gente é da hora: homens negros e masculinidade / bell hooks; tradução de Vinícius da Silva. São Paulo: Elefante, 2022.
272 p.
ISBN 978-65-87235-84-4
Título original: We Real Cool: Black Men and Masculinity
1. Negros – Estados Unidos 2. Estados Unidos – Condições sociais 3. Papel sexual 4. Masculinidade
I . Título II . Silva, Vinícius da
22-1666
CDD 305.38
Índices para catálogo sistemático:
1. Negros -Estados Unidos
EDITORA ELEFANTE
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Sol Elster [comercial]
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farol do desassossego
Lázaro Ramos
A primeira vez que li um livro de bell hooks, ainda adolescente, em cada página eu sentia transpirar informação, transgressão e paixão. Esse primeiro contato, naquele momento em que eu tentava compreender quem eu era e como me encaixar no mundo, foi determinante para minhas escolhas futuras e se tornou um dos faróis para questões que nunca discuti dentro da minha casa. Desde então, no meu vocabulário, em conversas com amigos, jovens, desconhecidos ou quem mais papeasse comigo, uma frase sempre era repetida: “leia bell hooks”. Com este livro, a frase ganha outra cor. Agora grito aos sete ventos: “leia Agente é da hora: homens negros e masculinidade, de bell hooks”.
O impacto da leitura foi tamanho que quem convive comigo só me escutava falar disso, como se eu tivesse tido uma revelação ou, no mínimo, uma organização de sensações, comportamentos e caminhos sobre nossa masculinidade. É impossível se conter ao ler o que estas páginas revelam. Para mim, homem negro, foi muito importante conhecer esta análise profunda de como o machismo nos molda, numa perspectiva histórica. De presente, ainda me senti acolhido ao perceber como, desde o processo de escravização, nós, tropegamente, vamos tentando resgatar nossa humanidade ao experimentar diversas estratégias que de alguma forma nos emanciparam, mas ao mesmo tempo nos trouxeram outras prisões. Também me emocionei com tudo que li de libertador. Saber que Muhammad Ali ousou forjar masculinidades alternativas e afirmar uma identidade masculina negra distinta do estereótipo, e ser impulsionado a perceber em detalhes o que significam tais escolhas, me trouxe fé. E, como não podia faltar num livro de bell hooks, o texto também fala muito sobre amar e ser amado.
Mas não pense que o livro é para provocar apenas conforto e acolhimento; ele traz desassossego em cada linha e nos convoca a responsabilidades. bell aponta as violências que cometemos e nossa incapacidade de nos libertar física e mentalmente com paixão e de forma íntima. Essa intimidade se torna tão importante que, juntamente com o desassossego provocado pela leitura, fui tomado pelo desejo de ler o livro nas madrugadas e deitar em silêncio pensando; de ler nas pausas do trabalho, pois parecia a melhor maneira de usar meu tempo; de reclamar de algo, vomitar uma revolta e me apaixonar pela masculinidade revolucionária.
Entre outras coisas, bell nos liberta para sabermos que temos o direito de ser amados e que essa é uma luta necessária. Ela também nos diz que devemos amar, mas amar com mais respeito, responsabilidade, compreensão, companheirismo e demonstração constante de afeto e coragem. E seguirmos em luta. Porque ainda precisamos refletir criticamente sobre o passado, nos defender para que nossos corpos não sejam tratados como um alvo para a morte, transgredir os limites estabelecidos pelo racismo, nos curar e criar conexões.